Artigo comentado: “Equation can predict momentary happiness”

O artigo de Melissa Hogenboom publicado pela BBC News em 4 de agosto de 2014 conta como uma pesquisa publicada no PNAS Journal encontrou uma equação matemática capaz de prever felicidade momentânea. Leia o artigo completo em http://www.bbc.com/news/science-environment-28592838 .

Como uma estudante de humanas sem nenhum conhecimento matemático e sem as ferramentas certas no cérebro pra entender as coisas logicamente, e ainda como uma pessoa que não enxerga a estatística pura com bons olhos, vou dizer que tenho muitas ressalvas quanto a essa pesquisa. Irei enumerar algumas que me vêm à cabeça no momento.

Primeiro de tudo, vamos à controversa estatística. Na minha humilde opinião, estatística pura serve para absolutamente nada. Você pode provar qualquer coisa com estatística, inclusive provar duas coisas opostas. Como você prova duas coisas opostas? Não teria que apenas uma ser verdadeira? A partir disso você já começa a desconfiar. Estatística é uma coisa extremamente relativa e, a meu ver, nada objetiva. Vai sempre depender de quais variáveis se tá considerando, e em muitas pesquisas por aí se vê variáveis importantes sendo completamente descartadas apenas para se chegar no resultado desejado. A própria física faz isso o tempo todo, como se vê na CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) que nos segue em todos os exercícios. A minha opinião é de que a estatística tem que sempre vir seguida de uma análise antropológica/sociológica/filosófica/psicológica (ou qualquer coisa do tipo, a depender do caso) para ser válida.

Dito isto…

Baseada em reflexões pessoais e discussões que já tive sobre o assunto, é muito complicado (se não praticamente impossível) medir a felicidade de alguém. Primeiro teríamos que definir o que significa felicidade, e só isso já lhe renderia anos de pesquisa, discussões e reflexões para se chegar numa resposta que você possa defender com propriedade, sem a possibilidade de mais tarde mudar de opinião. Então para efeitos de argumentação, vamos mudar a palavra utilizada para “alegria” no lugar de felicidade.

Nas “CNTP do ser humano”, por assim dizer, concordo que as boas expectativas possam aumentar a alegria de alguém, pelo simples fato de tais expectativas, por si só, gerarem um sentimento agradável a quem as sente. Mas o que acontece quando essas expectativas não são atendidas? Digamos, novamente apenas para efeito de argumentação, que em 50% das vezes elas sejam atendidas. Então em apenas metade das vezes a alegria foi de fato maior por conta das boas expectativas. Na outra metade das vezes, estas altas expectativas não foram atendidas e a pessoa foi decepcionada após o fato em questão ocorrer, gerando apenas uma alegria momentânea e um descontentamento que não ocorreria caso não houvesse nenhuma expectativa desde o início.

A matemática é uma ótima ferramenta para facilitar vários aspectos de nossas vidas e a estatística, utilizada de maneira correta, também pode ser muito útil. Porém nem tudo se pode calcular com precisão. O ser humano é um animal extremamente complexo e suas reações difíceis de prever. Os argumentos acima, assim como qualquer argumento, podem ser vistos tanto de maneira boa quanto de maneira ruim. Em condições controladas como as apresentadas, há quem acredite que a alegria gerada pelas altas expectativas compensa de alguma forma a decepção das vezes em que as mesmas não são atendias, assim como há quem pense o contrário. Mas o fato é que não vivemos em condições controladas. Interagimos o tempo todo não só com o ambiente que nos cerca, mas também com outros indivíduos e com as mudanças que estes fazem nos ambientes. Com os avanços tecnológicos que encontramos hoje, não é possível prever quando nossas expectativas serão atendidas e é muito difícil prever exatamente como nosso redor nos afetará. Portanto, é preciso analisar caso a caso para se chegar a uma conclusão sobre as expectativas serem algo positivo ou negativo na vida de um indivíduo.